Faltaram motivos, uma
dose de coragem e, quem sabe, um pouco daquela velha esperança que sempre resta
antes que o fim seja, de fato, o fim. Acho que ela resolveu partir antes mesmo
que cogitássemos a possibilidade de escrever um novo começo. Um re-começo de
uma história que começou borrada de euforia, tão turva de expectativas
acumuladas anos a fio, que nem se quer nos demos conta de que havíamos dado um
passo tão largo, que nos fez subir dois ou três degraus de uma única vez.
Eu queria poder ter uma carta na manga, um truque que
fizesse as coisas tomarem o rumo que deveriam tomar quando nos imaginamos parte
de um todo preenchido apenas por nós dois. Um truque barato, que seja; qualquer
coisa que me fizesse acreditar ser mais capaz e dizer “tudo bem, vai passar”, e
sair com você de mãos dadas rumo àquela casinha cor-de-rosa que você tanto
insistiu para que visitássemos um dia.
Não fui capaz e não me sinto capaz. Não acredito que
querer é poder. Querer apenas é pouco; pouco demais. É preciso sentir. Sentir
hoje, amanhã, depois e depois de amanhã e perceber o querer tornar-se um uma
necessidade incontrolada a ponto de doer o peito, tamanha a falta. Perdão se
meu querer foi vencido pela minha inconstância e essa tal necessidade tenha
permanecido nos limites da sanidade. Nossa história não é sobre gostar ou não
gostar. Nossa história é sobre perceber que os degraus ignorados por nós
fizeram falta, de maneira que nem mesmo descendo a escada mais uma vez seria
possível subi-los como um dia planejamos.
Longe de mim parecer insensível, ou egoísta, ou um
canalha sem coração. Longe de mim ignorar os bons momentos que passamos juntos
e jogar tudo isso embaixo do tapete. Você gravou sua marca em mim da maneira
mais sutil e delicada, num reflexo da sua fragilidade que tanto me causou
espanto, da qual eu tive medo e não soube lidar. É que faltou coragem em doses
exageradas e também uma pitada daquela velha esperança de que o amor um dia
iria vingar.
Tão lindo que chega dói...
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