Certa vez você me disse que o problema vive nas expectativas que criamos, mas nunca podou o nascimento dos planos e dos sonhos, daquela viagem no fim do ano, daquela visita de apresentação ao seu melhor amigo. Demorei até entrar de cabeça nesse futuro que nem ao menos havia nascido, mas que já nos enchia de alegria e orgulho. Nossos sonhos, nossos planos, nossa felicidade.
Mas aos poucos a mão do tempo, tão pequena, passou a escrever nossa história em linhas mal traçadas, ultrapassando espaços, ignorando sinais, se esforçando para interpretar nossa caligrafia já borrada de suor e lágrimas.
Demorei tempo demais para perceber que, talvez, eu não goste mesmo de poesia, do amor em rimas nascidos no peito de alguém. Demorei até entender que os versos do seu peito já não rimavam nós dois. Demorei a concluir que o que nascia aqui no peito já não tinha nome, apenas ruído. E quando um dia tudo se fez clarear, levei algum tempo para compreender que o ruído no peito era barulho da saudade que já incomodava o coração.
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