Ainda não sei o que
sinto ao perceber estar do lado mais racional de nós dois. Logo eu que sempre
vivi à flor da pele, sendo emoção pura a cada instante, ainda não sei em que
momento desativei o botão “pulsar” do meu coração e deixei que meus medos
criassem uma barreira quase impenetrável para evitar que você se aproximasse,
armado de segundas e terceiras intenções. Se te recuso os convites, é pra
tentar proteger as boas lembranças que restaram de nós. Ainda que inocentes,
percebo a centelha de esperança escondida nos seus olhos, pronta para reacender
a qualquer sinal de que minha resposta soe como um sonoro sim.
Eu que nunca aprendi a dizer não, descobri que ficar em
cima do muro talvez seja a solução mais sensata para não te machucar. Hoje eu
quero estar ocupado o suficiente para que não me reste tempo algum. Quero me
esconder atrás dessa barreira que você ajudou a levantar, cercado das tantas
obrigações que impus a mim e que me impedirão de aceitar que sua mão segure a
minha por debaixo da mesa enquanto o sorvete não chega.
Mais uma vez eu não sei como agir na sua presença, como
quando começamos a nos conhecer e minha timidez exagerada não me permitia te
olhar fixamente por muito tempo. Hoje eu já não sei se é melhor acreditar que
você vai, aos poucos, entender a nossa situação do meu ponto de vista, ou se te
ignoro, numa brusca tentativa de fazer com que a ficha caia de uma vez. Logo eu
que sempre fui tão coração, não me reconheço ao perceber em mim tamanha
vontade de arrancar de você esse restinho de sentimento que eu mesmo plantei; semente de um amor que não brotou.
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