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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Dos dias de calor


Tantos dias de calor surtiram em mim uma inquietação estranha e aumentaram aquela velha vontade de “não sei o que”, que vez por outra acompanha meus dias. Vontade de pular etapas, distribuir elogios, adotar um cachorro e comprar um apartamento branco onde pudesse abrigar meus milhares de sonhos. Difícil definir a sensação. Talvez seja pura ansiedade, talvez carência ou, quem sabe, uma espécie de TPM adquirida pela convivência diária com tantas mulheres e os mais diversos ciclos hormonais.

Passei a me alimentar de paixões, uma a cada dia. Amores platônicos das ruas por onde ando, do ônibus, da fila do supermercado. Engraçado durarem apenas 24 horas, alguns poucos minutos a mais ou a menos até darem espaço a um novo sorriso, a uma nova paixão. Sou bobo com essas coisas e já imagino tardes de sorvete com direito a comentários dos filmes da noite anterior.

Talvez seja mesmo carência. Não leia solidão, e sim carência em seu sentido mais romântico e conjugal. Desnecessariamente ou não, essa vontade de estar com alguém tem tido relevância no meu dia-a-dia, guiando minhas conversas, meus olhares e as trilhas sonoras do meu celular.

Uma mudança sutil de sensações, tudo muito saudável, sem neuroses ou crises agudas de lágrimas e soluços. De estranho, apenas o desejo incontrolável de abrir a correspondência alheia jogada ao pé da escada, ignorada pelo real destinatário que parece nem ao menos saber da sua existência.

De fato, é carência, e meu coração até já abriu edital. 

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